A deusa de meu inferno
Antônio Mesquita*
A linda morena de rosto de linhas fortes e traços de perfeição, Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, revelou o desequilíbrio do rapaz Lindemberg Alves, de 22 anos. Seria diferente não fosse a tão discrepante faixa etária dos dois. Se os dois fossem amadurecidos, a diferença de idade não produziria tamanho desacerto, pois ambos estariam fora da fase de transformações hormonais. Mas, naquela circunstância, as diferenças transformaram-se em um monstro. Este mesmo ser tresloucado e caracterizado por várias cabeças, voltou-se contra ela. No primeiro momento, quando Eloá, ainda criança com seus 12 anos, começou a namorar o rapaz, sete anos mais velho, instalou-se aí o potencial registro para um trágico fim. O desequilíbrio estava dando os seus primeiros passos. Nela o organismo produzia hormônios (do grego hórmon, derivado do verbo hormân, que significa “pôr em movimento, excitar”), dando início à excitação do período da adolescência, e start da saída da fase infantil. No rapaz, por outro lado, àquela fase hormonal ficara no passado. Aos 19, ele já estava de saída da fase crítica da adolescência a caminho da fase adulta. A quem ele buscava?
Para ele Eloá era a verdadeira deusa do amor, a eugênia de sua vida, a mulher perfeita, afinal, Eloá tem significado que procede do hebraico e significa Deus (El). É o singular do conhecido Eloim. A insistência em possuí-la – aqui não é amor, mas paixão, que significa adesão cega e até sinônimo de loucura, pois o amor assume o lugar do outro e não toma o lugar do outro, como ele quisera e fez – foi rechaçada pela sua deusa, a quem ele pensava que poderia negociar o céu, mas os diabinhos que o acompanhavam davam-lhe mostra dessa impossibilidade, pois um inferno todo o seguia, às sombras e ocultado por sua estratégia de bom garoto.
Na mitologia grega existe uma tragédia semelhante, com a diferença de gênero. Medéia queria ser possuída pelo deus Apolo. Porém, este priorizou a sua pureza e, portanto, não quis entregar-se a Medéia. Então ela, num ataque de fúria, matou sua própria filha Gláucia. No fatídico local teria nascido uma fonte (a Fonte de Gláucia, em Corinto), onde também nascera uma árvore, a Táfne (louro). Apolo toma dela alguns ramos, faz um laurel e passa a usá-lo em homenagem a Gláucia.
Psicose
A psicoterapeuta Sumaia Cabrera (Duas vidas, uma escolha, editora Planeta), explica que temos um lado da mente saudável e outro doente, e em tais circunstâncias “O sujeito fica hipersensível emocionalmente; sai do amável para o agressivo em questão de segundos. (…) …pois, como está obsessivo, gasta horas e horas de seu dia planejando com excelência de detalhes a sua vida e a dos outros, para que tudo saia a contento”. Seu planejamento é construído em riqueza de detalhes a partir do lado doente da mente.Quando Jesus diz que a pessoa que taxar outra de louca passa a ser passiva de julgamento, Ele falava a respeito da loucura ocasionada pela possessão demoníaca. O sujeito “perde a cabeça” e todo o senso de equilíbrio, e sua obsessão passa a ser alvo a ser encontrado a qualquer custo. Nesse transtorno mental, o seu lado doente é potencializado por forças exteriores que o inflamam ainda mais.
Caminhos que até parecem bons, mas…
A Bíblia alerta: “Há caminho que parece direito ao homem, mas o seu fim são os caminhos da morte” (Pv 16.25). É isso que os pais da menina não entendiam, ao permitirem que ela, ainda criança, namorasse. E pior, um homem praticamente já formado, com idéias definidas, enquanto àquela criança ainda ninava boneca em seus braços. Segundo informações divulgadas os pais aprovavam o relacionamento, ao que parece, desde o início. Ela foi auxiliada para entrar, mas teve de sair sozinha. Nisto o caminho de ida e volta deveria ser justamente invertido.
A anormalidade jamais será normal
De tudo isso temos grandes lições. A primeira diz que a fôrma do mundo não serve em nós, como diz a Palavra: “Não vos conformeis com o mundo” (Rm 12.2).Tudo deve ocorrer a seu devido tempo. A antecipação das coisas oferece riscos, pois a Bíblia afirma que há tempo para todas as coisas debaixo da terra (Ec 8.6).Conhecer de fato a pessoa com quem um/a jovem quer relacionamento com vistas ao casamento requer “perícia”. Hoje mais do que antigamente, quando as pessoas se conheciam desde a infância, pois hoje o mundo está repleto de maldade.Quem ama o mundo – o sistema que determina práticas humanas comuns – constitui-se inimigo de Deus (Tg 4.4), e quem entra nesse time, o da Oposição (do grego diábolos), entra para perder.Seja um vencedor do mundo e da morte, conforme o Senhor (“Eu venci o mundo… Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?”, Jo 16.33 e 1Jo 5.4-5.O segredo para não cair em armadilhas semelhantes é temer ao Senhor, pois o temor é o princípio da sabedoria (Pv 1.7).
* Pastor Antônio Mesquita é editor-chefe do Departamento de Jornalismo da CPAD.
Fonte: Blog geração JC
1 comentários:
Muito enriquecedor essa matéria que nos fala de relacionamentos. E é na fase da adolescência que o despertamento para o desconhecido começa,e nós pais e educadores cristãos precisamos constantemente orientarmos nossos adolecentes que na verdade a benção de Deus é que enriquece e não acrescenta dores. Tudo tem um tempo determinado debaixo do céu e há tempo para todas as coisas... Que Deus nos ajude e abençoe à todos.
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